(a imagem é piada interna, mas o assunto é sério)
Escrevo por aqui um tanto receosa,já que me foi chamada a atenção por coisas que escrevi e que, creio eu, permaneciam fora do campus.
O que eu tenho a dizer hoje também seria off-campus, ou não.
Todo mundo está comentando o caso do atirador do Realengo, ou, justiça seja feita, caso Wellington Menezes de Oliveira, um psicótico.E não psicopata como muitos leigos e jornalistas vem afirmando.
Muita gente (incluindo eu mesma) condena o rapaz por ter matado 13 adolescentes (e não criança, ao contrário de redatores poetas que esquecem que a adolescência começa aos 13 anos, ou até mesmo na puberdade) que nada tinham a ver com o passado dele, fora o fato de estudarem na mesma escola que ele freqüentou, na qual sofreu inúmeras humilhações.
E agora vem colega pagar de santinho, chamando ele de louco, bobão, estranho.Ora, claro que ele não tinha a obrigação de saber, mas todo mundo que tem algum animal sabe que se você irritar a fera constantemente, uma hora ela vai atacar.
Agora, você imagina uma pessoa com carga genética favorável à existência de esquizofrenia, vítima constante de bullying e extremamente introvertida! Adicione a fatores de distress como morte de mãe/pai e ideário terrorista e voilà, prato quentinho pra pauta de programa sensacionalista.
Outra coisa: DITOS ESPECIALISTAS, ESSE CASO TEM PRECEDENTE NO BRASIL SIM! O caso em Taiúva-SP, em 2003!Quem lembra,não é mesmo?Claro que só teve duas mortes,mas pode-se dizer que foi o primeiro Columbine tupiniquim.
E onde fica eu nessa história toda?Longe de me fazer de vítima, mas creio que somente o freio moral me difere do rapaz.Não fui adotada nem tenho ideário (muito) terrorista, mas sei o que é ficar quase 10 anos sob o jugo de crianças e adolescentes sem noção de consciência.E a minha vontade era me matar mesmo, nem queria matá-los (bestinha eu,né? Hahaha).O pior que eu fiz foi descontar em gente inocente, uma delas virando um dos meus melhores amigos (e até hoje peço desculpas a ele,mas tava tudo dentro de uma cadeia alimentENFIM).
Um ex-bully me condenou por eu “defender” o Wellington.Cara, tá que ele matou adolescentes inocentes.Mas o que dizer de crianças que matam as outras aos poucos, todo dia?O que dizer de crianças que não só importunam outras dentro da escola,mas fora também?O que dizer desse ex-bully que fez isso tudo comigo e condena uma pessoa que encontrou a pior maneira de devolver àquele ambiente o estímulo de outrora?
Eu não condeno o Wellington.Condeno o fato dele ter matado que nada tinha a ver com o assunto. Condeno quem não fez força pra ele tomar antipsicóticos, a fazer terapia.Condeno quem não conversava com ele, dando-lhe oportunidade para compartilhar seus conhecimentos e,com isso, se destacar (e até pegar umas she-nerds,já pensou?). Condeno todos que o estão condenando sem nem saber o que é uma depressão, uma esquizofrenia, uma doença mental.Condeno esses jornalistazinhos de merda, que confundem e influenciam as pessoas.Condeno essa sociedade de merda em massa, onde o bom é ser igual e ser totalmente alienado ao que se passa no resto do mundo.
E condeno os leitores que vierem me repreender por essa minha fala, parte com embasamento teórico, parte desabafo, parte crítica passivo-agressiva.
No mais, Wellington Menezes de Oliveira foi absolvido por mim, por insanidade mental.Ele é tão vítima quanto as crianças.
1 comentários:
Bárbara, eu concordo com você. Também não condeno o Wellington, também acho um absurdo o que a imprensa faz com a cabeça das pessoas. E mais... acho que a questão da doença dele é até questionável... pois o ataque de outras crianças pode deixar alguém assim... isto aconteceu comigo, que fui vítima de bullying quando criança, e por pouco não me suicidei. Eu fiquei doente... hoje sou portadora de toc e mil outros distúrbios... minha vida foi arrasada pelos ataques que eu sofri.
Beijos,
Vera Rodrigues-Rath, conhecida como verinha pelo google... Alemanha, Donauwörth.
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